AMBIGUIDADE: É a possibilidade de uma mensagem ter dois sentidos. Ela geralmente é provocada pela má organização das palavras na frase. A ambiguidade é um caso especial de polissemia, a possibilidade de uma palavra apresentar vários sentidos em um contexto, a duplicidade de sentido em uma construção sintática. Ocorre geralmente, nos seguintes casos:
Má colocação do Adjunto Adverbial
Má colocação do Adjunto Adverbial
- Exemplo: Crianças que recebem leite materno frequentemente são mais sadias.
- Ambiguidade: As crianças são mais sadias porque recebem leite frequentemente ou são frequentemente mais sadias porque recebem leite?
- Eliminando a ambiguidade: Crianças que recebem frequentemente leite materno são mais sadias. / Crianças que recebem leite materno são frequentemente mais sadias.
Com pronome pessoal
- Exemplo: O baterista não fala com o guitarista há dois meses. Motivo: ele é excêntrico, fala o que quer, parece um imperador que recebe seus súditos quando lhe dá na telha.
- Ambiguidade: ELE = guitarista ou baterista? - falta de coesão
- Eliminando a ambiguidade: O baterista não fala com o guitarista. Motivo: o líder do grupo é excêntrico…
- Observação: Poderia usar “este” para referir-se ao mais próximo (guitarista) ou “aquele” o mais distante (baterista) ou ainda poderia utilizar um sinônimo.
- Exemplo: O chapéu protege você contra o sol, ponha isso na sua cabeça!
- Ambiguidade: ISSO – chapéu ou a frase toda.
- Eliminando a ambiguidade: O chapéu protege você contra o sol, ponha-o na sua cabeça!
- Exemplo: O leão não quer nem saber… O governo não assumirá a responsabilidade pelos dados incorretos fornecidos pelos declarantes à Receita Federal e ainda pelas conseqüências desastrosas que esses trarão.
- Ambiguidade: ESSES – dados incorretos ou declarantes.
- Eliminando a ambiguidade: O governo não assumirá a responsabilidade pelos dados incorretos fornecidos pelos declarantes à Receita Federal e ainda pelas conseqüências desastrosas que essas informações trarão.
Com pronome possessivo
- Exemplo: O PT de Lula desentendeu-se com a oposição em face da sua política de contenção.
- Ambiguidade: SUA – PT de Lula ou à oposição.
- Eliminando a ambiguidade: O PT de Lula desentendeu-se com a oposição em face da política de contenção do governo.
- Exemplo: Os vizinhos do atacante Romário comunicaram à imprensa o seu afastamento do clube…
- Ambiguidade: SEU – dos vizinhos ou de Romário.
- Eliminando a ambiguidade: Os vizinhos do atacante Romário comunicaram à imprensa que o craque afastou-se do clube…
- Exemplo: Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes que estava sobre a cama.
- Ambiguidade: O que estava sobre a cama: o estojo vazio ou a aliança de diamantes?
- Eliminando a ambiguidade: Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes a qual estava sobre a cama. / Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes o qual estava sobre a cama.
- Observação: Neste exemplo, pelo fato de os substantivos estojo e aliança pertencerem a gêneros diferentes, resolveu-se o problema substituindo os substantivos por o qual / a qual. Se pertencessem ao mesmo gênero, haveria necessidade de uma reestruturação diferente.
- Exemplo: Fernando Pessoa foi genial, criou vários heterônimos, cada um deles com um estilo próprio; os mais famosos são Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Eis a obra de um poeta, que todos deveríamos respeitar.
- Ambiguidade: QUE – pode retomar – poeta ou obra.
- Eliminando a ambiguidade: Poderia ter usado – o qual ( poeta) ou a qual (obra).
Má Colocação de Pronomes, Termos, Orações ou Frases
- Exemplo: Aquela velha senhora encontrou o garotinho em seu quarto.
- Ambiguidade: O garotinho estava no quarto dele ou da senhora?
- Eliminando a ambiguidade: Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dela. / Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dele.
- Exemplo: Sentado na varanda, o menino avistou um mendigo.
- Ambiguidade: Quem estava sentado na varanda: o menino ou o mendigo?
- Eliminando a ambiguidade: O menino avistou um mendigo que estava sentado na varanda / O menino que estava sentado na varanda avistou o mendigo
- Exemplo: A saúde não tem remédio!
- Ambiguidade: xarope, comprimido (sentido literal) ou solução (sentido conotativo).
- Eliminando a ambiguidade: Interpretação 1 – O governo não tem estoque de remédios.
Interpretação 2 – A saúde, no país, não tem solução.
OUTROS EXEMPLOS DE AMBIGUIDADE:
Placa Informativa:
Não dá para saber se a família está de mudança ou se a família é muda, de deficiencia física.
Ambiguidade no Portal de Notícias G1/Globo.com
Afinal de contas, foi o membro do Jota Quest que espancou um travesti até a morte?
Placa localizada na Praça da Liberdade em Belo Horizonte-MG
Recolher as fezes de quem? Do cão ou do condutor?
Placa informativa:
Corta o cabelo e pinta ou corta o cabelo e castra o indivíduo?
- Exemplo: "Onde está a vaca da sua avó?" (Que vaca? A avó ou a vaca criada pela avó?)
- Exemplo: "Onde está a cachorra da sua mãe?" (Que cachorra? A mãe ou a cadela criada pela mãe?)
- Exemplo: "Este líder dirigiu bem sua nação"("Sua"? Nação da 2ª ou 3ª pessoa (o líder)?)
- Exemplo: "Venceu o Brasil a Argentina" (Quem foi o vencedor: o Brasil ou a Argentina?)
- Exemplo: "Meu pai foi à casa de José em seu carro" (No carro de quem, de José ou do pai?)
- Exemplo: "Na década de 70, os jogadores do Vasco não levavam os treinos a sério, como acontecia no Cruzeiro." (O que acontecia no Cruzeiro? O autor da frase quis equiparar os jogadores do Cruzeiro aos do Vasco ou, ao contrário, quis fazer uma oposição, afirmando que os cruzeirenses levavam os treinos a sério, diferentemente dos vascaínos?)
- Exemplo: "João deixou as pessoas felizes." (João deixou felizes as pessoas ou deixou as pessoas que eram felizes?)
- Exemplo: “O professor falou com o aluno parado na sala” (Quem estava parado na sala? O aluno ou o professor?)
- Exemplo: “A polícia cercou o ladrão do banco na rua Santos.” (O banco ficava na rua Santos, ou a polícia cercou o ladrão nessa rua?)
- Exemplo: “Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com freqüência apresentam sintomas de irritabilidade e depressão.” (“As pessoas que, com freqüência, consomem bebidas alcoólicas apresentam sintomas de irritabilidade e depressão” ou “As pessoas que consomem bebidas alcoólicas apresentam, com freqüência, sintomas de irritabilidade e depressão”)
- Exemplo: “O PT de Lula desentendeu-se com a oposição em face da sua política de contenção.” (SUA – PT de Lula ou à oposição. "O PT de Lula desentendeu-se com a oposição em face da política de contenção do governo")
- Exemplo: “Os vizinhos do atacante Romário comunicaram à imprensa o seu afastamento do clube…” (SEU – dos vizinhos ou de Romário. "Os vizinhos do atacante Romário comunicaram à imprensa que o craque afastou-se do clube…”)
- Exemplo: “Os vizinhos do atacante Romário comunicaram à imprensa o seu afastamento do clube…” (SEU – dos vizinhos ou de Romário. "Os vizinhos do atacante Romário comunicaram à imprensa que o craque afastou-se do clube…”)
- Obs 1: O pronome possessivo "seu(ua)(s)" gera muita confusão por ser geralmente associado ao receptor da mensagem.
- Obs 2: A preposição "como" também gera confusão com o verbo "comer" na 1ª pessoa do singular.
A ambiguidade normalmente é indesejável na comunicação unidirecional, em particular na escrita, pois nem sempre é possível contactar o emissor da mensagem para questioná-lo sobre sua intenção comunicativa original e assim obter a interpretação correta da mensagem. Uma das estratégias para evitar esses problemas é revisar os textos. Uma redação de boa qualidade depende muito do domínio dos mecanismos de construção da textualidade e da capacidade de se colocar na posição do leitor.
Em certos casos, a ambigüidade pode se transformar num importante recurso estilístico na construção do sentido do texto. O apelo a esse recurso pode ser fundamental para provocar o efeito polissêmico do texto. Os textos literários, de maneira geral (como romances, poemas ou crônicas), são textos com predomínio da linguagem conotativa (figurada). Nesse caso, o caráter metafórico pode derivar do emprego deliberado da ambigüidade.
Podemos verificar a presença da ambigüidade como recurso literário analisando a letra da canção “Jack Soul Brasileiro”, do compositor Lenine.
Ambiguidade em Textos Publicitários - Veja Mais
Na publicidade, é possível observar o “uso e o abuso” da linguagem plurissignificante, por meio dos trocadilhos e jogos de palavras. Esse procedimento visa chamar a atenção do interlocutor para a mensagem. Para entender melhor, vamos analisar a seguir um anúncio publicitário, veiculado por várias revistas importantes.
O slogan “Sempre presente” pode apresentar, de início, duas leituras possíveis: "o calçado Ferracini é sempre uma boa opção para presentear alguém"; ou, ainda, "o calçado Ferracini está sempre presente em qualquer ocasião", já que, supõe-se, pode ser usado no dia-a-dia ou em uma ocasião especial.
Ambiguidade como Recurso Estilístico
Em certos casos, a ambigüidade pode se transformar num importante recurso estilístico na construção do sentido do texto. O apelo a esse recurso pode ser fundamental para provocar o efeito polissêmico do texto. Os textos literários, de maneira geral (como romances, poemas ou crônicas), são textos com predomínio da linguagem conotativa (figurada). Nesse caso, o caráter metafórico pode derivar do emprego deliberado da ambigüidade.
Podemos verificar a presença da ambigüidade como recurso literário analisando a letra da canção “Jack Soul Brasileiro”, do compositor Lenine.
Ambiguidade em Textos Publicitários - Veja Mais
Na publicidade, é possível observar o “uso e o abuso” da linguagem plurissignificante, por meio dos trocadilhos e jogos de palavras. Esse procedimento visa chamar a atenção do interlocutor para a mensagem. Para entender melhor, vamos analisar a seguir um anúncio publicitário, veiculado por várias revistas importantes.
Sempre presente Ferracini Calçados
O slogan “Sempre presente” pode apresentar, de início, duas leituras possíveis: "o calçado Ferracini é sempre uma boa opção para presentear alguém"; ou, ainda, "o calçado Ferracini está sempre presente em qualquer ocasião", já que, supõe-se, pode ser usado no dia-a-dia ou em uma ocasião especial.
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