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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Podemos ser julgados éticamente corretos ou errados?

A globalização vem tornando fácil a aquisição de grandes tecnologias que só seriam possíveis a grupos específicos em tempos nem muito remotos. Mas a demanda exige produção em massa, e são necessários muitos profissionais de grande qualificação para produzir o produto que antes atingia centenas ou milhares e agora atingem milhões de pessoas ao redor do mundo sem fronteiras pela globalização. Isso leva empresários arcaicos que não possuem responsabilidade social a pagar menos e de forma diferenciada àqueles que não são tão qualificados, mas que aprendem, se profissionalizam e ampliam a produção da empresa, triplicando seus lucros, que continuam pagando salários misérias por ter interferido culturalmente no limite financeiro daquelas pessoas. O que parece pouco em umas regiões, pode ser a salvação de outras. Mas estas diferenças não deveriam existir, já que, como homo sapiens, somos todos iguais e deveríamos ter os mesmos direitos.

Para melhor entendimento, vou dar um exemplo de uma empresa aqui em Jequié-Ba. "A famosa Ramarim, empresa de calçados, com sede no Rio Grande do Sul, implantou uma de suas fábricas em nossa cidade a mais de 12 anos. Na época, faltava emprego e a idéia de uma grande empresa soou maravilhosamente bem, mesmo adentrando sob centenas de exigências como: 'Nada de impostos para o município por 10 anos', 'ajuda financeira na instalação dos galpões' que receberiam os equipamentos e 'salários "condizentes" com os profissionais mal qualificados', ou seja, quase metade do que se pagava no Rio Grande do Sul, onde fica sua sede.

Diante da necessidade urgente de criar empregos, os políticos aceitaram, até para garantir votos na eleição que se seguia. Politicamente a coisa funcionou; mas 10 anos depois, após centenas de profissionais já qualificados, outras centenas de deficientes por conta da ação repetitiva e o pagamento ainda inferiorizado em relação aos mesmos profissionais gauchos, a empresa declarou fechamento por haver vencido o prazo de não pagar impostos, e a mesma preferiria procurar outro polo necessitado, para não ter que arcar com os custos reias e padrões de uma produção em massa.

Com uma cultura interferida e inferiorizada, criada por uma demanda de mais de 2000 funcionários ativos, o novo prefeito se viu diante de uma clara necessidade de continuar mantendo seus cidadãos inferiorizados para não incorrer no risco de desemprego em massa em sua gestão. Resultado: A empresa ganhou mais dez anos de isenção e mais um galpão para ampliar a produção dos produtos que são vendidos ao mesmo valor dos produzidos pelos gaúchos, mesmo sob custo menor, mas que garante uma margem de lucros muito maior."

Como veem, esta realidade jequieense se encontra em centenas de outras cidades e, em muitos casos ao redor do mundo, até muito pior, chegando à escravidão, e nós, de certa forma, contribuímos para que isto continue, alimentando financeiramente estas empresas, quando adquirimos seus produtos sem sabermos ou nos interessarmos por, exatamente como se produz e quais as custas daquilo que tanto nos satisfaz.

Então pergunto:
Somos nós moralmente responsáveis por atos deste naipe ou mesmo pior?
Podemos ser éticamente julgados por adquirirmos produtos sem nos interessar por maiores detalhes de sua produção, quando estes podem estar sugando de alguém para que possamos luxar?
Escatologicamente estaríamos nós tendo parcela de culpa?
Precisamos fazer a diferença, ou podemos simplesmente seguir a maré sem sermos responsabilizados por isso?
- Wagner Miranda

Nota:  Vale resaltar que a empresa citada é apenas um exemplo, mas que a mesma cumpre suas regras legais dentro do que se foi acordado para implantação da empresa. O julgamento aqui é apenas de responsabilidade social, de ética, tópico de estudo no curso de Tecnologias em Negócios Imobiliários.

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